Produção estreou no streaming em agosto, e tem o ator Jung Haein no protagonismo dos seis episódios
(Netflix / Divulgação)
Dramas de ação estão conquistando um público amplo na Netflix recentemente. Títulos como My Name e Round 6, por exemplo, alcançaram uma audiência inédita que foi além do nicho da dramaland. Com isso, a produção original D.P. Dog Day pode ser uma boa indicação para aqueles que buscam gêneros além do romance, e esperam por uma trama que aborda cenários nem sempre explorados da Coreia do Sul.
Neste caso, o foco de D.P. Dog Day é o exército sul-coreano, e a formação de soldados nas buscas por desertores. No drama, acompanhamos a vida do jovem An Junho (Jung Haein), que logo no primeiro episódio integra o alistamento militar. Vale ressaltar que, na Coreia, se alistar é uma norma para todo cidadão do sexo masculino; e isso consta na Constituição do país. Isso explica o porquê de artistas sul-coreanos fazerem pausas em suas carreiras perto dos 30 anos de idade.
Contudo, Junho entra para o exército também como uma forma de se livrar da rotina desagradável. O rapaz perde o emprego logo no começo, e sofre de flashes de memória relacionados às agressões sofridas pela mãe nas mãos do pai. O problema é que, ao invés do protagonista encontrar um espaço para deixar tais questões de lado, ele se depara com um ambiente extremamente exigente e hierárquico.
O exército da Coreia do Sul como mostrado em D.P Dog Day
É difícil ver o exército da Coreia em seu cerne, principalmente nas produções sul-coreanas de sucesso. Em Descendants of The Sun, por exemplo, essa instituição é vista de forma mais heroica e positiva, o que não acontece em D.P. Dog Day. Aqui, o sistema militar é explorado em relação ao abusos de oficiais, o tratamento que recrutas recebem no começo do treinamento, e como isso é acobertado.
Como espectadores, é uma missão árdua decidirmos e opinar no que pode ser verdade ou não em D.P Dog Day. Apesar disso, o projeto da Netflix de fato funciona como uma crítica aos bastidores do exército; e se nem tudo que vemos no dorama é verdade, então pelo menos fica o ar de que houve embasamento na trama desenvolvida.
E para além disso, D.P Dog Day fala sobre os desertores que são capturados, e até mesmo privados de seus direitos de escolha e humanidade. Esta é a missão de An Junho, e existe empatia para com essas personagens coadjuvantes. A crítica também existe em como a sociedade sul-coreana (e no caso, o exército) trata esses indivíduos, que têm motivos para a deserção.
D.P Dog Day é uma produção para maiores de idade
Baseado no webtoon do autor Kim Botong, D.P Dog Day não é para todas as audiências. Ele contém cenas que chocam, explícitas de um abuso que acontece entre as quatro paredes das bases militares. Junho quer ir contra esse sistema, algo capaz de ser visto nos olhos do protagonista: mas ele sabe que não pode. Aquele espaço é sua chance de escapar de uma realidade já tóxica, então ele irá apenas se adaptar. Com isso, é aberto o espaço para refletir se este tipo de comportamento também não ocorre nos exércitos de outras partes do mundo.
Fica aqui a breve indicação de um dorama diferente, que traz reflexão e cenas impactantes. Além disso, D.P. Dog Day é uma produção direcionada ao público adulto, com linguagem explícita e cenas fortes de violência.
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