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Foto do escritorMatheus José

Review | Em "EASY", LE SSERAFIM continua na roleta para concretizar seu conceito

Atualizado: 26 de fev.

Girlgroup da SOURCE Music/HYBE fez seu comeback em fevereiro, mas se perde na tentativa de apostar em múltiplas ideias



Em "EASY", LE SSERAFIM continua na roleta para concretizar seu conceito
(Source Music/Divulgação)

Não é possível dizer que exista uma regra no K-pop que obrigue diferentes grupos a seguir um conceito pré-definido, ou a trabalhar em uma única ideia pelo resto de sua existência como parte de uma indústria. E ainda bem; afinal, a diversidade de sons, estilos e conceitos do pop sul-coreano é de encher os olhos.


No entanto, há uma diferença entre seguir um caminho ou tentar encontrá-lo sem realmente ter uma base para fazê-lo. Isto é o que tem acontecido com o LE SSERAFIM, e no seu recente comeback, EASY. Desde a estreia, o grupo não conseguiu se firmar artisticamente no K-pop; e como ocorre em seus registros, os lançamentos não são propositalmente diferentes entre si  — são objetivamente fragmentados com o intuito de preencher lacunas.





A roleta russa da HYBE


É como se a cada lançamento do girlgroup, a HYBE girasse uma roleta em busca de um som ou ideia musical para o grupo fazer apenas por fazer. Notavelmente, não existe nenhum objetivo  —não que devesse existir.


Também não se pode dizer que com EASY, o LE SSERAFIM seja um grupo que procura hibridizar conceitos, porque se esta ideia for utilizada para descrever o seu trabalho, a crítica torna-se ainda mais intensa dada à forma como o fazem.


EASY vem na sequência da passagem do grupo pelo funk em FEARLESS, pelo reggaeton em ANTIFRAGILE e pelo nu-disco em UNFORGIVEN. Embora esses gêneros que se destacam muitas vezes não sejam o foco desses projetos, até pela falta de objetivo citada acima, neles todos um fator fica evidente: a incongruência.



O ineficaz novo de "EASY" do LE SSERAFIM


Novamente: não é uma regra. Mas ao optar por trazer algo novo, neste caso uma sonoridade diferente do habitual, é necessário criar um espaço capaz de tornar o ato de escolha mais receptivo. Infelizmente, como em outros casos e outros grupos de K-pop, o LE SSERAFIM não consegue fundir o novo com o que já é comumente feito. É por isso que o afrobeat em Smart, apesar de interessante, não é muito eficaz.



Também é triste, porque o sorteio sonoro feito pela empresa nada mais é do que isso. Quando a cantora de Honduras Isabella Lovestory escreveu ANTIFRAGILE, havia ali uma naturalidade artística que realmente funcionou muito bem. No caso de Smart em EASY do LE SSERAFIM, essa naturalidade não existe mais. São momentos como este, numa mistura abrupta de sons e abordagens, que tornam o quinteto um ato impróprio para experimentar coisas novas.



Nota-se como mesmo dentro do disco o esforço de criação de espaços acolhedores para novas sonoridades é dispensado. A abertura, Good Bones, inspirada em um poema de Maggie Smith, é revestida de um hard rock apático, impressão seguida pela faixa-título, EASY, que mistura trap e R&B. Ela prossegue sem pensar em como a sequência de Swan Song complementaria a diferença antes do então afrobeat de Smart, que precede We got so much — apenas um filler.


É um nada com nada que funcionaria melhor se as faixas fossem lançadas separadamente, pois algumas são realmente interessantes. Mas como um pacote completo, EASY não consegue se sustentar, é decepcionante e acima de tudo mostra que, até que LE SSERAFIM busque fazer álbuns mais coesos e com propósito, o grupo continuará sem direção.

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