Ganhando cada vez mais espaço nas noites do país, as festas têm sido uma opção de diversão para muitos fãs brasileiros
Imagine o cenário: sábado à noite, você e seus amigos curtem a vida em uma festa que toca sua música preferida de K-pop. Muitas coreografias, pessoas fantasiadas, cabines fotográficas e cardápios personalizados. Imaginou? Então, bem-vindo(a) ao mundo das festas de k-pop no Brasil! Que o Kpop vem se expandindo não apenas como gênero musical, mas também como lifestyle não é nenhuma novidade. Então, se o consumo de k-pop pode ser expandido, por que não o levar para uma das atividades preferidas dos brasileiros: festejar?
Pensando nesse tema, o Café conversou com alguns dos principais organizadores de festas com temática Kpop do Brasil e trouxe pra você uma matéria inédita; Entenda após a publicidade como funcionam a organização e divulgação das festas, quais são os desafios e muito mais. Ah, e não esquece de ler até o final, que te falamos quando rolam as próximas edições das festas!
Tendo seu primeiro contato com o mundo do Kpop sendo pela TV, pelas capas de revistas nas bancas e livrarias ou por influência familiar, os maiores organizadores das festas de Kpop no Brasil foram motivados a produzir suas festas pelo sonho de reunir em um lugar só várias pessoas que compartilham um interesse em comum: o amor pelo gênero musical sul-coreano.
Apesar disso em comum, atualmente, as festas de Kpop possuem formatos diferentes, e cada uma tem sua particularidade. Umas tocam músicas que têm danças/coreografias marcantes, outras apostam em versões remixadas, além das presenças VIPs de influenciadores ligados ao mundo asiático e até mesmo apresentações de dança.
Na Knite, festa sediada em Belo Horizonte, o foco, além do K-pop atual, são as b-sides e o k-hiphop. Segundo Ady, uma das fundadoras da festa, para se ter uma festa de Kpop de sucesso, é preciso entender o seu público. “É necessário o entendimento do gênero que você está tocando para que exista uma comunicação sonora entre as músicas e não soe como se você estivesse apenas colocando-as aleatoriamente”, ela explica. “Eu preciso saber o momento certo para tocar os hits e as b-sides pra dar uma acalmada na pista, mas sem perder o ritmo e a energia que foram criados.”
Tendo como background o trabalho de DJ, Ady conta que, ao tocar na noite belo-horizontina, sentia a vontade de fazer algo mais voltado para o Kpop, gênero que começou a curtir em 2016, após pesquisar mais sobre para um trabalho acadêmico. “Eu sentia necessidade de estar e tocar em uma festa de Kpop, mas que tivesse um formato de festa/balada pop, algo em que as pessoas se sentissem confortáveis para ir e curtir, sem se preocuparem em saber a coreografia ou não”, conta. Além disso, sendo grande fã das músicas de hip-hop sul-coreanas, Ady diz que sempre teve vontade de criar uma festa que conseguisse explorar mais ritmos. “A música sul coreana vai além do pop e dá sim para dançar com o hip-hop deles [dos sul-coreanos],” ela diz, explicando também o surgimento do nome para a festa fundada por ela, uma amiga e mais um colaborador: K-Nite: Korean Night Party a.k.a K-Nite BH.
Fugindo do óbvio, algumas festas de Kpop também inserem na playlist outros estilos musicais, buscando personalizar ainda mais a experiência do público brasileiro. É o caso da NEXT, festa normalmente sediada em São Paulo. “Nossas festas incluem a fusão de cultura brasileira com a cultura coreana, então, por mais que seja uma festa focada em Kpop, nós também incluímos elementos brasileiros, como o funk”, conta Jung, organizador da NEXT.
Tendo se mudado para o Brasil aos oito anos, Jung conta que o Kpop não era algo muito conhecido por aqui na época, e que as festas são um papel importante na difusão da cultura coreana no país apesar dos desafios enfrentados — um deles, sendo a falta de conhecimento do gênero por parte das casas de eventos. “Como muitos não conheciam o que era Kpop, acreditavam que não seríamos capazes de lotar uma festa”, conta. “Hoje em dia, esse preconceito já não existe mais.”
E, apesar de, muitas vezes, não contarem com patrocinadores para ajudar financeiramente na produção das festas, cada vez mais os organizadores se esforçam para trazer atrações e alternativas para os eventos. É o caso da KPOP ZONE, que é sediada em Brasília. “Não contamos com a ajuda de nenhum patrocinador, o que torna as coisas um pouco mais difíceis quando queremos colocar atrações no evento que são mais caras,” diz Georgia Pfeilsticker, uma das 4 fundadoras da festa, que também conta na equipe com Athena, Kelevra e Ana Ribas. Ainda assim, a equipe mantém a pretensão de conseguir apoio para as próximas edições. “Nem toda casa de eventos aceita fazer uma festa Kpop, a maioria por não conhecer o quão grande esse universo é e achar que pode dar errado”, desabafa.
Para tentar popularizar mais sua festa e quebrar os preconceitos existentes, Georgia diz que, na KPOP ZONE, além de tocar Kpop, a festa também oferta experiências personalizadas, como fliperamas, lojas com produtos customizáveis, welcome drinks, entre outras programações especiais. “Tem que ter atrativos a mais, pois é um público que espera qualidade e interatividade.”
Por falar em público, as festas de Kpop possuem, em sua origem, uma audiência muito específica. Segundo Georgia, as produções são oportunidades perfeitas para encontrar pessoas que têm interesses similares, mas que saem um pouco do comum. “O tipo de público certamente é diferente de uma balada normal, mais exigente, participativo, e muitos não costumam sair tanto,” ela explica, ”então, fazemos o possível para reforçar a segurança e dar as diretrizes necessárias para que todo mundo fique bem durante a festa.”
Já na Next, de São Paulo, a preocupação com a segurança vai além. “Como 80% do nosso público é feminino, nos preocupamos muito com a segurança oferecida”, explica Jung. “Pensando nisso, todas as festas possuem seguranças rondando as ruas em volta do local onde acontece a edição, além de contratarmos também diversos profissionais competentes para cuidar da segurança interna.”
A segurança em festas com a temática de Kpop é um assunto delicado, uma vez que muitos dos fãs são menores de idade. Segundo Ady, mais de 80% do público que consome Kpop em Belo Horizonte é menor de idade, o que dificulta a entrada na maioria das festas. “A K-Nite é apenas voltada para maiores de 18 anos, o que faz com que a festa de Kpop na cidade tenha um número menor de frequentadores”, explica.
Porém, se os eventos somente para adultos é visto como um impedimento por uns, para outros, é a oportunidade de empreender e criar novas vertentes. Segundo Jany, produtora de eventos e organizadora da Kontrol, festa sediada no Ceará, o maior desafio mora em conseguir lugares para as festas noturnas, que contemplam o público adulto. “Enfrentamos preconceito porque muita gente acha que festa só pode ser conjugada com bebida alcoólica, com excessos. Mas a Kontrol é apenas uma festa normal para adultos”, explica. “Então, se eu quero fazer um espaço de festa free, que não tenha venda de bebida alcóolica nem nada disso, tem que ser um estilo matinê.”
Apesar disso, segundo a produtora de eventos, seu objetivo é contemplar todos os públicos, contando com a ajuda de profissionais do meio para que seus eventos aconteçam. “Tentamos experimentar, trazer uma inovação que muitas vezes as pessoas não querem apostar porque não acham que vão ter aquele resultado 100% positivo” ela expõe. “Eles [casas de festas] não querem experimentar junto com a gente. Eles querem ter certeza de retorno e de nenhum risco de prejuízo”, expõe.
Com um viés mais ligado à organização de eventos relacionados à cultura asiática, Jany conta que começou a se interessar por Kpop quando o gênero se popularizou em competições de Pump, famoso jogo eletrônico de dança. “Sentia falta de fazer um evento maior e mais profissional, para cobrir várias lacunas que esses encontros tinham”. E, como não conhecia ninguém para exercer esse papel de organização com mais profissionalismo, Jany explica que começou a investir na organização dos eventos ela mesma, com a ideia de ser uma oportunidade para criar um espaço de conforto e diversão para o consumidor: “A gente gosta de trazer eles [o público] também pra dentro, pra se sentirem como se estivessem numa sala de casa, numa balada com os melhores amigos. Uma coisa assim, mais intimista”, elabora.
A inclusão dos fãs de Kpop nas festas é um ponto em comum entre os organizadores. Por ser um meio que, infelizmente, já vem carregado de preconceitos, eles prezam muito em tornar o ambiente das festas um local acolhedor e confortável para todos que estejam abertos a conhecer mais do Kpop e suas vertentes. “Quero que a festa seja atrativa para pessoas que estão abertamente dispostas a conhecer o gênero e aos que apenas gostam de ir pra festa se divertir”, afirma Ady. E, ainda, como completa Jany, “quero que eles [o público] se conheçam, que eles saibam que vão poder se expressar, dançar, se divertir e vão estar acolhidos naquele ambiente durante o período em que eles estarão com a gente.”
Na pluralidade permitida pelo Kpop, encontramos também, em cada festa, sua particularidade, suas atrações e diferenciais.
Na K-Nite, o diferencial são as edições especiais, como a de Dia das Bruxas, que foi a “K-nite BH: Peek-a-Boo Halloween ". Foi a única festa que produzi sozinha e que me deu o ponta pé para seguir com a K-Nite e firmar o quanto eu gosto de tocar”, conta Ady. “O que fazemos é festas temáticas, nas quais as pessoas podem se sentir livres para ir ou não fantasiados e afins”.
Já em Brasília, a novidade está em ser um mix de balada e feirinha, com vários stands e entretenimentos diferentes, tendo o olhar do público como guia para a organização. Assim, para sua próxima edição, Georgia promete muitas atrações diferentes, como caipirinha de Soju (famosa bebida alcóolica sul-coreana), hot dog coreano, lucky draws, sorteios, grupos de dança e muito mais. Questionada sobre a melhor edição da KPOP ZONE, ela lembra: “Por enquanto só fizemos uma, a BTS ARMY PARTY, então acho que podemos dizer que ela foi a melhor da vida”.
Na NEXT, de SP, Jung conta que sempre trazem edições de festa junina, muito famosas e conhecidas pelos frequentadores. “No momento, estamos com um projeto de eventos que será aberto para todas as idades, então fiquem de olho!”, ele avisa. “A edição de Festa Junina ainda ocupa um lugar maior no meu coração, principalmente por conseguirmos mostrar da melhor forma a fusão da cultura brasileira com a cultura coreana. Esse ano nós levaremos a Festa Junina para diversas cidades.”
E, na Kontrol, sediada no Ceará, temos as baladas temáticas de grupos, como a edição focada em girlgroups. Mas não para por aí! Com vários planos pro futuro da Kontrol e tentando buscar aquilo que vai gerar diversão ao público, Jany deu o spoiler de que, além da festa com a temática de BTS, outras estão em fase de produção: “estamos montando o arraiá do Stray Kids”, conta.
O trabalho dos organizadores e produtores das festas de Kpop no Brasil está em não apenas fazer um evento musical, mas também em traduzir o amor, a cumplicidade e o carinho de fã que cada um tem, em um momento de reunião e amizade. Apesar de todos os empecilhos que os eventos de Kpop ainda enfrentam no Brasil, os organizadores seguem em busca de trazer as melhores experiências para os frequentadores, como diz Jany: “Seja festa, evento em shopping ou qualquer outro, a gente sempre coloca muito dessa paixão, né? Então, é o que tenho mais orgulho”, conclui.
Não perca as próximas edições das festas que falamos por aqui e mais eventos!
Montamos para você um mini calendário de onde e quando você pode participar. Mas lembre-se de ler direitinho a descrição de cada evento. Conhece outra festa de K-pop e quer ver nessa lista? Chame o Café com Kimchi no nosso Twitter ou Instagram.
Knite: a próxima edição é a “K-NITE BH - Hype Cookie”, ela acontece dia 06 de Maio na Casa Matriz.
Next: também no dia 06 de Maio, acontece a edição “Pool Party” da NEXT, na Prince Tower.
Kpoc: já no dia 07 de Maio, acontece a K-POC, festa sediada no Rio de Janeiro. Ela vai rolar no Portal Club.
K-POP ZONE: no dia 20 de Maio acontece a próxima edição da festa, no Calaf Brasília.
Kontrol: a próxima edição da festa volta só em Agosto, mas você pode curtir os eventos “Anarriê do Stray Kids”, que vai rolar dia 24 de Junho no Espaço Maraponga e o “BTS DAY”, que acontece na Praça de Eventos do Shopping Riomar Kennedy no dia 23 de Julho.
excelente matéria!!!