O quinteto da JYP Entertainment pode ter sido afetado pelos aspectos que mais pressionam os grupos femininos de K-pop
(Divulgação / JYP Entertainment)
Meses após seu último lançamento, ITZY fez seu retorno na última segunda-feira (31), com "Kill My Doubt", sucessor do projeto "Cheshire", que chegou às plataformas digitais em novembro de 2022. Desde seu debut, o grupo chamou atenção por suas músicas empoderadas que não saem da cabeça. Porém, em que posição o quinteto se encontra atualmente em termos de popularidade? O surgimento de tantos girlgroups e a grande rotatividade na indústria musical pode causar impactos e, definitivamente, ditaram a nova forma pela qual elas estão sendo recepcionadas.
"Kill My Doubt" é o sétimo mini-álbum das meninas, com os pré-singles BET ON ME e None Of My Business, além da faixa-título Cake. Nos três clipes, o quinteto mostra todo seu carisma e talento, porém ainda presas em um conceito experimental, sem correr grandes riscos ou apostarem em algo fora do costume. Essa característica é algo que já vem ocorrendo há algum tempo na discografia do ITZY.
No ano de 2019, já durante a 4ª geração do K-pop, ITZY debutou com cinco integrantes: Hwang Yeji, Ryujin, Shin Yuna, Lia e Lee Chaeryeong. Principalmente por ser agenciado pela JYP Entertainment, uma das empresas Big 3, o quinteto chamou atenção através de suas letras autoafirmativas e o público foi bastante receptivo logo de cara com o primeiro mini-álbum "IT’z Different", com a title Dalla Dalla. A faixa teve bom desempenho nos charts coreanos.
O grupo se manteve bem-sucedido por algum tempo. O álbum "IT’z Icy" e seu sucessor "Not Shy" não saía da boca dos k-poppers. Porém, ITZY, desde o início, apresentou um conceito girl crush, e conforme evoluía, se manteve da mesma forma, sem mostrar nada de tão inovador — e isso pode ser um dos motivos pela diminuição do interesse do público na carreira delas. Mesmo assim, a culpa não é exclusivamente do girlgroup.
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A liquidez de interesses na 4ª geração do K-pop
(Divulgação / JYP Entertainment)
Quando se anuncia um grupo sucessor de Wonder Girls e TWICE, anos após seus respectivos debuts, muitas expectativas são geradas devido ao legado e constância que esses nomes carregam. O girlgroup de nove integrantes é um grande feito da JYP Entertainment para a 3ª geração, e até hoje tem seu espaço mais do que bem estável na indústria musical coreana, bem como Wonder Girls também fez seu nome durante a 2ª geração, e até hoje é muito bem lembrado. Mas o ITZY conseguiu seguir pelo mesmo caminho?
Bem, a 4ª geração do K-pop é conhecida por ser dominada pelos girlgroups, que vêm surgindo com conceitos inovadores e cheios de originalidade. Estreias como a do NewJeans e aespa trouxeram um novo olhar para o pop coreano e muitas tendências foram criadas acerca desses grupos femininos. Além disso, aspectos trazidos por eles influenciaram a indústria musical de forma memorável, já que, desde então, estão em toda a estética de comebacks, com tecnologia e moda Y2K envolvida em novas produções que chegam à indústria.
Alguns grupos vêm com muito peso, e outros não. Mas, certamente, quem se destaca mais sob o olhar do público geral são aqueles com os conceitos mais originais, enquanto outros acabam ficando de escanteio por seguirem na mesma linha criativa desde sua criação. Tal aspecto afeta muito mais os girlgroups, que despertam fortemente a curiosidade dos ouvintes e, ao mesmo tempo, são julgadas por padrões mais altos do que boygroups seriam avaliados. E, devido ao surgimento constante de grupos, é fácil se apegar em um e se desprender do outro, como se um desapego espontâneo ocorresse instantaneamente.
Neste quesito, um ponto que marca muito fortemente a comunidade k-popper é a fidelidade dos fãs para com seus artistas. Embora um grupo possa não necessariamente agradar o público geral, a importância de uma fanbase consolidada não deve ser deixada de lado. O apoio dos fãs, a compra de álbuns, streams, mensagens de apoio e retorno positivo vêm, em sua maioria, de quem acompanha fielmente os artistas.
Uma situação não anula a outra, porém ter um público fiel é tão importante quanto agradar a todos. Apoios de tal dimensão são o que mantêm grupos como o ITZY quando o interesse de fãs de K-pop varia fortemente com o surgimento de novos artistas na indústria.
Se o ITZY continua seguindo a mesma linha, o que mudou na receptividade delas?
(Reprodução / Instagram)
Parte desse acontecimento vem da grande rotatividade que movimenta o K-pop, com o surgimento de diversos grupos em um curto período de tempo. Isso pode passar a ideia de que, conforme os veteranos envelhecem na indústria, se tornam menos originais e mais acomodados em seus conceitos — e, de certa forma, até mesmo o envelhecimento dos integrantes acaba virando um motivo para rejeição. A novidade é sempre mais atrativa para o público coreano e os fãs internacionais seguem a mesma linha de pensamento.
Mas, além disso, e talvez um argumento ainda mais forte, é que há uma grande pressão e expectativa colocadas essencialmente em grupos musicais formados por mulheres. Desde o primeiro momento, quando anunciadas como rookies, tais artistas já são atingidas por comparações e expectativas.
Um exemplo disso tem sido percebido recentemente com NewJeans, que antes fora visto como autêntico e, após seu último lançamento "Get Up", começou a receber críticas de estar seguindo uma fórmula, caindo na mesmice. Um grupo de apenas um ano de existência já está sendo colocado no banco de réu e cobrado ferozmente. Imagina o ITZY, que já deixou de ser novidade há alguns anos?
O que, de fato, mudou não foi o tipo de música feito pelo girlgroup da JYP Entertainment, e sim o comportamento dos ouvintes de K-pop em relação a elas, pois sempre esperam por inovações constantes em grupos com mais tempo de estreia. E esse ciclo se repete entre muitos girlgroups, não apenas o ITZY.
Não concordo com seu ponto de vista. Observando todos os projetos do grupo até agora, é perceptível que elas sempre se reinventam e exploram diversos conceitos. Apesar disso, conseguem manter a essência do ITZY em todos os comebacks, mesmo sendo diferentes e únicos na carreira. Acredito que a queda de popularidade do grupo se deve à má administração. Quem acompanha cada passo das meninas sabe como essa empresa não as divulga adequadamente e até as sabota quando se trata de promoções solo que ajudariam demais a alavancar o grupo. Se a DIV2 da JYPE não fosse péssima em administrar e promover o ITZY, elas certamente seriam as líderes dessa geração, pois talento e carisma essas meninas têm de sobra.