Criação do girlgroup sul-coreano foi inspirado pela cantora Harisu, outro importante ícone da comunidade artística trans no país asiático
(Reprodução/Google)
Quando dizem que representatividade LGBTQ+ é importante, existe um grande impacto social e cultural por trás disso — e, um desses casos, foi o que motivou a existência do girlgroup LADY, o primeiro grupo de K-pop formado apenas por mulheres trans. Para entender como tudo começou, precisamos olhar para trás e entender como o gênero sul-coreano ganhou artistas tão importantes para o cenário e como, posteriormente, todos as perdemos.
Antes do surgimento de LADY, a cantora Harisu abriu as portas para pessoas trans no universo do entretenimento na Coreia do Sul. Ela ganhou notoriedade pela primeira vez em 2001, após aparecer em um comercial de televisão para a marca de cosmético DoDo. No ano seguinte, se tornou a segunda pessoa no país a mudar legalmente o gênero em seus documentos.
Sua carreira só cresceu desde 2002, marcada por muitos sucessos e, infelizmente, transfobia. A partir da trajetória da pioneira, as integrantes de LADY ganharam força para dar início a um grupo de K-pop tão representativo e importante quanto Harisu foi para elas. Para te deixar por dentro da carreira do girlgroup, o Café Com Kimchi trouxe algumas informações sobre as artistas.
Como LADY entrou na indústria coreana?
LADY estreou em 7 de abril de 2005, sob o selo da Logi Entertainment. Na época, a empresa selecionou as quatro integrantes Sinae, Sahara, Binu e Yuna em meio a 400 candidatas à vaga. O debut delas veio com o primeiro mini-álbum intitulado Attention, com destaque à faixa Lady's Night e um single homônimo ao disco, músicas amplamente promovidas neste primeiro ato.
O girlgroup rapidamente chamou atenção do público nacional — e, até mesmo, fora do país — após aparições televisivas em music shows. Não demorou muito para que a existência do grupo se tornasse controversa em uma sociedade tão conservadora quanto a coreana, principalmente porque a cirurgia de redesignação de sexo era proibida na época e o surgimento de LADY acalorou o debate.
Conheça as integrantes de LADY
O grupo consistia em quatro integrantes que, infelizmente, não têm informações mais amplas circulando pela internet, já que debutaram em um período em que as redes sociais não tinham a força que têm atualmente. Mas aqui vai o que sabemos sobre cada uma delas!
Sinae era a líder e, também, a mais velha do grupo. Ela ocupava as funções de vocalista e rapper principal. Antes de chegar ao LADY, costumava trabalhar como modelo e dançarina, tendo aparecido em comerciais e também em videoclipes antes de debutar no girlgroup.
Já Yoona era a vocalista principal do grupo e costumava ser confundida com a integrante mais jovem, devido à sua baixa estatura. Sahara, nascida em Seul, costumava ser modelo de peças jeans e chegou a vencer um concurso de beleza em 2003, na Tailândia. A quarta e mais jovem membro do grupo era Binu, responsável pelo rap nas músicas.
Por que LADY acabou?
O disband de LADY aconteceu em etapas. Apesar de a aceitação na Coreia do Sul ter sido menor, o grupo experimentou alguma popularidade no Japão e na China. Embora a possibilidade de fazer turnês por estes países fosse algo complicado, suas músicas ganharam as festas e baladas. E foi aí que a situação começou a desandar.
Durante as promoções do girlgroup na China, surgiram acusações que sugeriam que a integrante Binu planejava fazer redesignação de sexo para não servir ao serviço militar obrigatório. Além de ser uma cirurgia ilegal na Coreia do Sul, o rumor ganhou mais força pelo fato de que Harisu (mencionada no início do texto) foi dispensada do exército por “doença mental” — a transgeneridade está no catálogo de doenças do país, descrita como “Transtorno de Identidade de Gênero”.
As críticas se agravaram ainda mais após o girlgroup lançar um livro de fotos intitulado “Women Reflect!”, em que apareciam seminuas e de topless. Em 2006, um ano após a estreia, anunciaram uma pausa na carreira e, no início de 2007, anunciaram o fim de LADY. Na plataforma coreana Daum Café, a Logi Entertainment divulgou uma nota explicando os motivos da dissolução do grupo.
O grupo transgênero LADY, com Sinae, Sahara, Binu e Yuna, tinha um ano de duração desde abril de 2005. Após um ano de atividade, o grupo discutiu a dissolução em agosto de 2006. O motivo do término do grupo foi devido ao preconceito que elas vivenciaram. Este restringiu suas apresentações no palco e transmissões ao vivo. Emocionalmente, LADY sofreu durante o período de suas atividades. Desde o início, LADY teve grandes empreitadas mas, no final, o preconceito das pessoas foi mais forte que suas vontades.
Hoje em dia, é difícil encontrar informações sobre LADY e, principalmente, sobre o destino individual das integrantes. Apesar do triste desfecho, é importante relembrar e espalhar a palavra sobre a força do girlgroup em um cenário tão conservador.
Já conhecia o grupo LADY? Conta por aqui nos comentários, no Twitter ou no Instagram do Café Com Kimchi!
Comments