Relembre as principais polêmicas de uma das mais aguardadas premiações do ano, e os motivos que levam os fãs a odiá-la
(Reprodução/Mnet)
O Mnet Asian Music Awards, mais conhecido como MAMA, é uma das premiações sul-coreanas mais comentadas, positivamente ou negativamente. Organizada pela Mnet, assim como a empresa, a cerimônia carrega uma vasta lista de atitudes controversas. Como consequência, ao longo dos anos isso tem irritado cada vez mais determinados fandoms, que preferem a ausência de seus artistas favoritos na noite do prêmio.
A falta de profissionalismo é de longa data, e isso não é uma novidade: a Mnet deixa suas preferências e desavenças com as agências de entretenimento interferirem nos resultados. Além disso, ela não é a melhor das empresas para se ter más relações, pois mais de uma vez prejudicou artistas na premiação por ter sido contrariada. Como exemplo, há sua memorável rivalidade com duas das maiores empresas de entretenimento da Coreia do Sul, SM e YG.
Não há desculpas para aqueles que tentam boicotar o evento: a Mnet retalia aqueles que resolvem fazê-lo, ou às vezes, prejudicam terceiros sem motivos aparentes. No entanto, nos últimos anos, a companhia está recebendo de volta as humilhações e injustiças que provocou. O impacto é visível na line-up do evento, a qual sofre com a falta de alguns dos principais artistas na indústria atual.
Em preparação ao MAMA 2021, que acontece em 11 de dezembro, o Café com Kimchi reuniu as principais situações que levaram o público a repudiar a premiação.
Sistema e organização injustos
A Mnet é uma empresa conhecida por polêmicas de manipulação, e com o MAMA isso não é diferente. Todo o processo de indicações, até os resultados, são comentados negativamente nas edições.
Apesar de causar indignação na comunidade do K-Pop, a lista de indicados é sempre muito aguardada. Porém, dificilmente contempla a todos. Por exemplo, fãs notaram a ausência de Taemin e Chungha entre os nomeados a Best Dance Performance Solo deste ano. Justamente, dois artistas reconhecidos por estarem entre os melhores dançarinos da indústria, e entregar performances grandiosas.
A Mnet é muito rigorosa com a política de "sem presença, sem prêmio" - ou seja, se o artista não comparecer, não ganhará a categoria. A atitude diminui a credibilidade do evento, mesmo que a música tenha dominado os charts durante o ano; sem a presença, o prêmio será dado para outra pessoa. Infelizmente, isso é mais comum do que parece, pois a lista de famosos que perderam por não estarem na cerimônia é extensa. Há casos que vão de categorias mais baixas até as principais.
Por outro lado, ainda quando se trata do MAMA, presença não é garantia de prêmio também. Os organizadores estão dispostos a burlar os critérios de votação para premiarem quem lhes convém, ou simplesmente para humilhar um determinado grupo, como forma de punir a agência que o administra. O público comenta sobre como G-Dragon, iKON, EXO, Girls' Generation, BLACKPINK, entre outros, já sofreram retaliação por não comparecerem ou pelas desavenças entre a Mnet e suas empresas.
MAMA vs SM
A primeira provocação entre SM e MAMA aconteceu na edição de 2009. Na ocasião, o TVXQ foi vencedor na categoria Best Asia Star. No entanto, o grupo atravessava uma situação difícil, ao que três dos cinco membros moveram uma ação judicial contra a própria agência para rescindir o contrato por condições de trabalho desumanas. A Mnet aproveitou a situação e convidou os integrantes em questão, Jaejoong, Xia Junsu e Yoochun para receberem o prêmio. A ação foi vista como uma grande afronta pela SM.
(Divulgação/Newsen)
As provocações não se restringiram a apenas esse episódio. No ano seguinte, a SM boicotou a premiação e nenhum dos seus artistas compareceram. Como consequência, o grande hit Gee do Girls' Generation não venceu nenhuma categoria a qual foi indicado. Uma surpresa, principalmente, no que se refere ao prêmio principal de Música do Ano. Assim, a Mnet mostrou a sua política do “sem presença, sem prêmio”.
Por alguns anos, a situação entre os dois lados pareceu ter dado uma trégua, isso até 2017. Em uma única edição, o MAMA conseguiu enfurecer dois fandoms, o ELF e o EXO-L, fãs do Super Junior e do EXO, respectivamente. No caso do Super Junior, os veteranos da indústria compareceram e tiveram uma performance rápida - que incluía apenas uma intro e o single Black Suit - comparada a outros artistas com menos tempo na indústria.
A desagradável situação fez com que o público suspeitasse que a publicação no Instagram do líder Leeteuk fosse uma indireta. Na legenda de uma foto, ele escreveu: ”Por que eu vim aqui?'”.
Na mesma noite, o EXO também foi atingido pela falta de profissionalismo. O boygroup recebeu oito indicações, sendo o artista mais indicado da edição. O grupo tinha a votação online a seu favor, quando terminou em primeiro lugar em todas as categorias que estava concorrendo.
Os fãs foram pegos de surpresa quando a cada anúncio, o EXO perdia um prêmio, e a situação deixou EXO-Ls aflitos conforme as categorias principais se aproximavam. No fim, o EXO manteve a tradição que até aquele momento havia estabelecido, de receber o Daesang de Álbum do Ano. O boygroup conquistou também o de Global Fans Choice, e nesse caso, é evidente que deixá-lo de fora justo desse prêmio seria ainda mais suspeito para a emissora.
(Reprodução/Mnet)
Depois do ocorrido, os grupos da SM só voltaram a pisar na cerimônia em 2020, com o NCT. Mas nesse meio tempo, a Mnet não conseguiu se manter em silêncio e mais uma vez enfureceu os fãs do EXO. Primeiro ao usar a imagem de Chanyeol chorando no MAMA 2017 acompanhada da legenda “lágrimas de alegria”. A segunda, ao borrar o rosto do integrante Lay no vídeo sobre a premiação no TV show intitulado de TMI News. Após revolta dos fãs, a empresa apagou e repostou, dessa vez, sem tampar o rosto do membro.
Para a edição deste ano, apenas NCT e aespa aparecem na lista de convidados.
MAMA vs YG
A história entre YG e Mnet, por mais que não tenha tantos casos de conflito direto como com a SM, é intensa. De modo que os artistas da YG não promovem seus comebacks no M!Countdown - programa semanal da emissora -, com apenas certos períodos de exceção.
As injustas votações e resultados não são apenas de conhecimento dos fãs, já que os idols sabem da manipulação. Não é à toa que o G-Dragon, solista e líder do BIGBANG, protagonizou um dos momentos mais emblemáticos de todas as edições ao subir no palco com uma diss track para a premiação. Na letra, GD fala explicitamente das fraudes, e a facilidade com que ela dá prêmios aos seus favoritos.
Já faz um ano, MAMA / Parece que você está dando grandes prêmios / Você os entrega generosamente para as crianças não brigarem / Já estou crescido agora, então, fico cheio só de assistir / Apenas dê às crianças algum alimento
É evidente que a provocação enfureceu os organizadores e a tensão entre os dois lados esquentou. No ano seguinte, a YG atravessou um ano de ouro pelo retorno do BIGBANG e o debut do iKON, mas as empresas passaram meses em uma trama de “vão ou não ao evento”.
Segundo a YG, seus artistas não iriam comparecer naquele ano, porque não haviam recebido o convite. A Mnet por sua vez, deu uma desculpa que a line-up ainda estava em desenvolvimento, mas segurou o convite da agência o máximo que pôde. A YG aceitou, mas pela última vez; já no ano seguinte, BLACKPINK estreou e recebeu indicação ao prêmio de Rookie Feminino do Ano, mas não compareceu. Vale lembrar que desde seu debut - há cinco anos - o girlgroup jamais pisou no palco do MAMA.
A posição parece ter sido encarada como uma afronta pela Mnet, que surpreendeu com tamanha infantilidade ao borrar o rosto do quarteto no MAMA 2017, quando uma foto das indicadas à categoria Melhor Grupo Feminino, na qual o BLACKPINK recebera indicação, apareceu no telão. Os Blinks ficaram enfurecidos e exigiram respeito.
(Reprodução/Mnet)
MAMA vs JYP
As injustiças se estendem para além dos grupos da SM e YG, e apesar de não terem conflitos constantes, a JYP também não escapou. Ainda na polêmica edição de 2017, foram poucos os fãs que saíram satisfeitos, e as Ahgases - fandom do GOT7 - não foram um deles. Na ocasião, o boygroup recebeu o prêmio de Favorite Kpop Star nos bastidores, e os fãs ficaram revoltados pelos artistas não terem subido ao palco para receber a conquista na frente de todos.
Os fãs do Day6 também tiveram motivos para reclamar, devido à desconsideração com a trajetória da banda, que havia lançado um EP e um Full Album naquele ano. As músicas foram ignoradas e o quinteto foi escalado para realizar um cover de um single do GOT7, ao lado dos companheiros de empresa. E assim foi realizada a passagem do Day6 pelo MAMA: apenas um cover e de mãos vazias.
O GOT7 voltou a ser alvo em 2019, quando a performance de Eclipse foi deletada sem explicações. O maior problema é que o stage estava viralizando no Naver e os fãs interpretaram como uma forma de barrar a visibilidade do boygroup, já que foi o único a sofrer alterações. Pouco depois a Mnet publicou uma performance do GOT7, mas era um vídeo diferente. A situação só se resolveu parcialmente no dia seguinte, com a republicação do original após a pressão dos fãs.
Performances injustas e desorganizadas
Não é preciso pertencer a BIG 3 para receber um tratamento ruim dos organizadores. A edição de 2019 foi tão dura quanto a de 2017 para certos públicos. Além das Ahgases com o caso da performance deletada, mais pessoas saíram decepcionadas da premiação.
Normalmente, as line-ups são organizadas de forma que os grupos mais novos se apresentem mais cedo e os experientes próximos ao final. Mas não foi o que aconteceu com o Monsta X e a Chungha, debutados em 2015 e 2016, respectivamente. Em suas performances, ambos foram colocados junto dos rookies e se apresentaram mais cedo do que o previsto. Além disso, em alguns casos o mais novos tiveram apresentações mais longas do que os veteranos.
Super Junior, Monsta X e Chungha são apenas alguns exemplos de um tópico que todo ano é alvo de reclamações: a divisão injusta de tempo entre os grupos.
A Mnet aparenta ter dificuldades em dispor tratamento adequado a Chungha, já que não foi a primeira vez que a solista enfrentou descaso. Em sua estreia - depois do fim do I.O.I -, a idol realizou um stage na premiação, porém, o que chamou atenção foi o palco minúsculo que ela e suas dançarinas receberam. Elas precisaram executar passos de dança próximas aos outros convidados, com pouco espaço entre eles.
Desrespeito com o público
Junto com o descaso com artistas, também houveram confrontos diretos com o público. Não é de se espantar que parte dos fãs - como convidados, que pagaram para estar ali - queiram ir embora diante dos acontecimentos da noite, mas em 2017 isso não foi permitido. O fandom em questão era o EXO-L, que teve seu direito de ir e vir e integridade física violados pela equipe de segurança do local. Foram relatados uso de força física para mantê-los na arena até o fim do evento.
As manipulações constantes são uma afronta por si só à audiência, mas a organização do MAMA consegue ir além. Em 2019, a organização proibiu o uso de lightsticks oficiais dos artistas, que foram substituídas por uma exclusiva da premiação. A situação repercutiu negativamente.
A maior preocupação dos fãs era: a empresa controlar para que a luz não acenda em determinada apresentação e causar um Black Ocean - situação em que a audiência fica em completa escuridão ao apagarem as luzes - para o artista que estiver no palco. Na verdade, dois anos antes, a possibilidade desse controle da Mnet já era temida.
Polêmica nos camarins no MAMA 2020
Em 2020, os organizadores despertaram a fúria dos fãs da maioria dos grupos presentes pela má estrutura oferecida aos idols. Logo após o evento, a Dispatch - portal de notícias - revelou que não havia camarins para todos os convidados, e que eles tiveram que esperar pelo momento de suas apresentações dentro dos carros, com exceção dos atores e de dois grupos que não foram revelados.
Além da falta de acomodações adequadas, os grupos ainda tiveram que comer dentro dos veículos, enquanto os atores desfrutavam de uma boa alimentação no local do evento. Vale lembrar que a premiação tem cerca de três horas de duração.
Essa frequência de controvérsias fez com que a credibilidade do MAMA fosse colocada cada vez mais à prova. E as cerimônias atuais sofrem as consequências dessas imparcialidade: ausência dos principais grupo da SM e YG, line-up composta só por grupos mais novos e desconfiança. Como resposta, a Mnet tenta tampar os buracos com colaborações e artistas internacionais, mas não se pode negar que boa parte da audiência anseia pelo retorno de performances que os faziam vibrar, como em 2014 e 2015.
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