Boygroup retorna com músicas de composição e produção próprias, e divulga um dos melhores lançamentos masculinos de 2022; leia a crítica
(JYP Entertainment/Reprodução)
É possível dizer que, entre os comebacks dos boygroups em 2022, poucos tiveram proeminência para entrar na célebre lista de "melhores do ano". Mas indo contra esta tendência preocupante, o Stray Kids voltou neste mês de outubro (07) com MAXIDENT, álbum que recorre à fórmula que já dá certo ao conceito do grupo e que manifesta o diferencial do conjunto da JYP no meio dos artistas masculinos.
O disco de oito faixas, todas com produção e composições próprias, ajuda a embasar o fato de que o Stray Kids é um dos bg's mais fáceis de se afeiçoar na 4º geração. Mesmo que a carta de apresentação do grupo sejam as title tracks banhadas no noise music (que não agrada a todos), os projetos do grupo como um todo são interessantes e formam uma discografia com diversas surpresas em qualquer imersão.
A faixa Case 143 é a que abre o álbum, e também é a que ganhou MV: divertida, com um refrão catchy e um rap bem demarcado. A música segue uma "receita de bolo" que o Stray Kids tem em seus projetos, mas que não é um demérito — há carisma e algo que te contagia. Em duas ou três ouvidas, Case 143 já estava grudada nos meus ouvidos. E é bom quando boygroups voltam a explorar ideias mais engraçadinhas e deixam um pouco de lado o conceito sexy; que é bom também, mas alguns não nasceram para isso. Felizmente, o Stray Kids é capacitado para ambas as entregas.
Case 143 também é contagiante na coreografia, e posso afirmar que fiquei um bom tempo vendo e revendo os vídeos ao vivo que saíram até então. A title é uma soma de fatores que dá certo, e a semelhança do formato da música com outras que o Stray Kids já lançou é algo a se acrescentar — você aperfeiçoa aquilo que já é bom fazendo.
A faixa CHILL dá segmento ao disco num estilo mais relaxante com um hip-hop usual e chiclete, e entra para o grupo de músicas do MAXIDENT que o replay fica pressionado. O mesmo não aconteceu com Give Me Your TMI, que parece um filler no comeback; a música ainda precisa amadurecer com o tempo. Apesar disso, SUPER BOARD retoma a jocosidade viciante da title e o ânimo para continuar o álbum volta com força total — quanto mais o Stray Kids explora onomatopeias e pauta isso com uma produção que tem identidade, melhor.
3RACHA, TASTE e Can't Stop são uma montanha-russa de emoções e indicam crescimento do Stray Kids
A partir deste ponto, MAXIDENT sofre uma reviravolta na tracklist com uma performance da unit 3RACHA, que tem papel essencial na progressão identitária do Stray Kids. E no trio formado por Bangchan, Changbin e Han, é uma química que derruba portas no chute. Devo admitir que a música self-titled do trio de hip-hop se tornou a minha favorita do comeback por trazer um rap de respeito, um beat que não sobressai as vozes e um projeto que é autoral.
TASTE, que vem em seguida, é igualmente impressionante e dá calafrios ao longo de seus mais de três minutos de duração. É uma faixa misteriosa e que mescla vozes tão diferentes dentro do Stray Kids (no caso, Hyunjin, Felix e Lee Know), indo do vocal mais doce até o mais gutural (detalhe para o Felix que, desde sua collab com a Nayeon do TWICE, tem me impressionado com sua voz).
A variação que MAXIDENT sofre entre as músicas faz muito sentido. A certeza de que as músicas foram criadas com total opinião do grupo denota o poder que o Stray Kids teve sobre minha mudança de opinião a respeito do boygroup. Minha vontade de ouvir mais b-sides do octeto cresce a cada ouvida no MAXIDENT, e acredito que o álbum seja uma das melhores portas de entrada para que ainda torce o nariz pros cantores.
Chegando ao final do comeback, Can't Stop volta para o estilo upbeat do início da tracklist, e é um pop rock bonitinho com Seungmin e I.N. É claro que, como a trend do Y2K ainda não deixou o K-pop, a canção cumpre o papel de representar a nação "rockeirinha" no disco, e ela pode cair ainda mais no gosto do ouvinte com o passar dos plays.
O Stray Kids está em sua melhor forma no MAXIDENT. Sim, o grupo segue uma receita de bolo para os discos, mas é uma receita de bolo muito boa; não há muitos pontos fora da curva no CD — na verdade, são praticamente imperceptíveis. Eu, como ouvinte casual do grupo e que não conhece os bastidores com detalhes, fiquei impressionado com tamanha maturidade que o grupo alcançou.
Apesar das críticas pessoais que tenho acerca da quarta geração do K-pop, o ato da JYP ficou tão interessante de conhecer, que o Stray Kids se tornou um representante de respeito da atual leva de k-idols que estão dominando o público. Ainda, reforço a admiração que tenho pelo Bangchan na constante produção do grupo, que provavelmente é um dos responsáveis pelo incentivo dado ao Stray Kids para explorar suas capacidades como artista para além do palco — na composição de um comeback como um todo.
Se você não gosta do Stray Kids, como minha versão do passado, dê uma chance a eles com MAXIDENT. Alguma faixa irá te conquistar, sejam as agitadas ou as fatais; o grupo entrega um banquete completo para degustação. Mesmo com a pequena mudança de humor após a title e as duas faixas que precisam de mais escutadas para te convencer, o retorno do boygroup contorna tais pontos com uma atmosfera divertida e muito carismática; eles são uns fofos.
Por favor, Stray Kids, continue com esta receita do melhor dos bolos. Eu ainda não me cansei dela.
Ouça o álbum "MAXIDENT" do Stray Kids logo abaixo:
Nota: Lembrando que o papel da nossa crítica, independente de positiva ou negativa, é apontar elementos para você construir a sua opinião sobre aquela obra; seja uma música de K-pop ou dorama. Então, tá tudo bem concordar ou discordar de tudo o que a gente disse aqui, mas não esquece de dizer o que você achou desse lançamento nos comentários, no Twitter ou no Instagram do Café!
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