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Review | "wonderego", de Crush, acerta ao adicionar profundidade a certas tendências recentes do K-pop

Solista faz seu retorno da melhor maneira possível, indo além de seu já característico som ao passo que explora algumas novidades.


★★★★


Cantor Crush
(Divulgação / P Nation)

O espaço ocupado por cantores solo no pop sul-coreano, com exceção daqueles que compõem o grupo demográfico do K-pop, tende a ter artistas que transitam livremente por diferentes gêneros e ritmos musicais, principalmente baseados em rap/hip-hop e R&B, como é o caso do Crush, solista que estreou oficialmente em 2014 com a música "Sometimes", e logo ficou conhecido devido ao sucesso de "Just", colaboração com Zion. T.


Mas existem, no entanto, algumas diferenças na proporção cujos gêneros citados são abordados. Há cantores que, apesar do passar dos anos e das tendências, pouco vão além dessas diretrizes estabelecidas; um misto de comodismo e segurança na hora de encarar o novo.


Crush não vê problema nisso. Ele está em constante mudança. Ainda que os seus trabalhos caminhem com o intuito de completar conceitos e estratégias artísticas que só parecem ganhar sentido ao longo da sua carreira. Veja só como seu novo álbum, wonderego, encerra uma trilogia que ele deu início em 2016.






Retorno após o serviço militar obrigatório na Coreia do Sul




Depois de wonderlust, de 2016, e wonderlost, de 2018, wondergo surge após um longo intervalo, cerca de quatro anos. É como se Crush não se obrigasse a seguir um cronograma, mesmo sendo administrado por uma empresa, a P NATION, inserida no K-pop e em suas características de mercado que envolvem intrinsecamente um imediatismo comercial insaciável.


E, por mais que sua pausa, decorrente do serviço militar obrigatório, tenha influenciado o distanciamento de uma obra para outra, o tempo musical é mais prolífico do que imaginamos quando envolve a vontade, a sede e o desejo do artista de continuar fazendo o que sabe fazer de melhor.


Talvez por isso que a forma como wonderego aborda sua proposta seja algo extremamente interessante. Este é um disco regido pela profundidade dos sons que são, ou foram, tendência no gênero. O fato de Crush não se desvencilhar de suas bases, hip-hop e R&B, é suficiente para que ele explore novas combinações nessas duas vertentes.






Registro dotado de congruência e vontade


E é exatamente isso que acontece aqui. Note como “Bad Habits”, com LeeHi, carrega consigo a grande veia do R&B alternativo que soa, de certa forma, familiar. Esse sentimento está espalhado por todo o álbum, seja porque Crush o faz bem, seja porque não faz nada sem ele — não é uma dependência, mas sim uma vontade.


Por isso, wonderego atinge uma congruência muito inteligente, basta olhar a forma como o pop rap melodioso dos anos 90/2000 é trazido à tona em “Hmm-cheat”, som tendência devido à estreia de Jungkook com GOLDEN. Porém, Crush não começa no mesmo caminho do integrante do BTS, ele vai além.


A sequência “No Break”, em parceria com a Dynamicduo, comprova isso. A atmosfera pop nostálgica permanece aqui, mas com camadas mais acessíveis e versos de rap que chamam a atenção pela combinação de fatores — é como se Crush escolhesse a dedo o que faria ou não sentido no álbum. E assim tudo faz sentido, mesmo de maneira oposta ao esperado.





Sentimentalismo dançante


É neste ponto que o wonderego passa por uma mudança repentina. A dosagem rítmica é alternada e sons dançantes aparecem como forma de reavivar o ouvinte para o choque de conforto no final. Nesse sentido, “EZPZ” e “GOT ME GOT U”, sendo esta última faixa o maior destaque de todos, acabam por injetar vida na extensa duração da obra.


I can’t promise that I’ll never leave / When a glass of wine not filling up your loneliness”, canta ele em “GOT ME GOT U”, com o sentimentalismo minimamente orquestrado pela intenção de viajar pelos espaços cantando lindamente versos tanto em inglês quanto em coreano.


Essa assiduidade é uma das marcas de Crush. Seu retorno não poderia ser mais literal do que isso — mesmo que sua personalidade não seja a mais querida do público. Apesar disso, seu trabalho como cantor, produtor e letrista está bem exemplificado em wonderego, um disco extremamente importante para conhecer a incrível substância artística além das margens do k-pop como o conhecemos.





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