Situação do membro do boygroup é mais um entre os incontáveis casos da SM agindo com protecionismo, mas sem proteção
(SM Entertainment/Café com Kimchi)
Será que já podemos concordar, em unanimidade, que a ausência do Seunghan do RIIZE causa um desconforto para um projeto tão novo? Nesta quarta-feira (13), a SM Entertainment divulgou uma nota pública informando que tomará medidas contra indivíduos que difamarem os integrantes do boygroup, referente a um potencial vazamento de informações ocorrido em março.
Em tom confiante — e ameaçador sem ser nas entrelinhas —, a empresa aborda a existência de publicações nas redes sociais e fóruns sul-coreanos que afetam negativamente a imagem dos membros do RIIZE. Segundo a nota, a SM "está ciente da situação e está no processo de revisar o material coletado", visando mover processos contra os responsáveis pelos posts, sem exceção. O que é ótimo, visto que a companhia também cita a invasão de privacidade constante que o RIIZE tem sofrido desde a estreia do grupo.
Além disso, também é pedido que o público não se envolva nos assuntos, ao nível que impulsione os vazamentos e as informações de stalkers dos cantores. Com sinceridade, digo que é um alívio ver a SM finalmente dando nome ao que está ocorrendo, que em resumo são verdadeiros crimes contra a integridade e a persona do RIIZE como figuras públicas, em seus direitos de manterem detalhes de suas vidas privados.
Entretanto, não aguento mais ler notas da SM com este mesmo tom de voz.
O Seunghan é citado no começo deste texto justamente pelo fato de que, há pelo menos dois meses e meio (talvez eu possa ter me perdido nos cálculos), o artista está sumido. Não há postagens em redes sociais, não há menção a ele, e as imagens e artigos promocionais do RIIZE englobam apenas seis cantores desde o início de 2024.
E é claro que, por trás de tudo que esteja acontecendo, há o aconselhamento e assessoria jurídica da SM em ação para tratar do assunto. Porém, a angústia do público advém, muito provavelmente, da "cortina de fumaça" que a empresa cria quando um dos nomes do selo é envolvido em alguma situação, independente da qual seja.
Acompanho os atos musicais da empresa Big 3 há quase dez anos, e não é a primeira vez que me deparo com esta movimentação: o idol sai de cena como se nunca tivesse aparecido ali, e ocasionalmente retorna como se nada tivesse acontecido. E anterior a isso, a pessoa deve escrever um recado ao público, talvez sobre algo que ela não fez ou que não ocasionou mal a alguém, para se humilhar mais ainda diante dos netizens ou de fãs obcecados por sua vida particular — ou pela ausência de uma abnegação de sua rotina como alguém que existe fora dos palcos.
E parece que, geração após geração do K-pop, a SM nunca possui um plano de contenção. A falha não está em tentar combater esses problemas, pois é a função de uma agência assessorar e proteger seu artista; mas nunca há uma forma de fazer com que essas coisas não aconteçam, ou pelo menos de um jeito que haja consequências menos impactantes. Soa como se houvesse uma espera para que a boca do balão estoure, para só então uma medida drástica ser tomada enquanto o idol fica engavetado por tempo indeterminado.
Considero um absurdo, em 2024, ainda vermos artistas tendo que se distanciar de sua carreira e passar por um "período sabático" até que voltem aos seus grupos. Artistas que, até então, tinham vidas comuns e que são abruptamente arremessados num caldeirão que envolve uma reputação moldada por terceiros, uma reação exagerada da própria sociedade, e uma proteção plástica (que mais parece um protecionismo de marca — "não queremos este projeto vinculado a você por enquanto").
Inclusive, mesmo que tal afastamento fosse uma decisão particular do cantor, não seria lógico existir uma comunicação entre o público e a agência sobre isso? Uma atualização, a menor que seja, faria a diferença.
Fora que, em determinados momentos, tudo culmina numa situação absurdamente ridícula em que o público bombardeia as redes do grupo com campanhas, e até colocam caminhões na frente da sede da empresa, e o silêncio como resposta é ensurdecedor.
E deixando o RIIZE um pouco de lado, toda essa questão aflige os artistas da SM de forma generalizada, em graus diversos. Não há muito tempo, vimos a Karina do aespa dar uma declaração formal de desculpas pelo vazamento do seu relacionamento com o ator Lee Jae-wook, com uma rede de apoio pífia da sua companhia — visto que a cantora é uma das idols que mais foi alvo de hate trains na web sul-coreana nos últimos cinco anos. Isso vai mudar quando?
Talvez nunca veremos uma SM Entertainment que previne ao invés de tratar com band-aids. A ideia de forçar um ostracismo aos K-idols é calejada, antiga e que não é bem-vista aos olhos de quem movimenta e acompanha os nomes artísticos do selo, os fãs; e acho que ela nunca foi enxergada como uma estratégia positiva. De tantas vezes em que os cantores da companhia foram prejudicados pela ação de netizens, quantas delas foram decisivamente controladas? Dá para contar nos dedos.
Não trabalho na SM, não conheço o Seunghan pessoalmente e não dou a mínima para o que ele faz nos momentos mais íntimos; e isso nunca será da conta de ninguém. Contudo, ele está desaparecido no "cantinho do castigo", refletindo sobre o que fez.
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