Na primeira passagem em solo brasileiro, o boygroup e seus fãs mostraram que são grandes demais para o local escolhido
A agenda de K-Pop para 2023 está longe de acabar, principalmente em relação aos grupos da SM Entertainment. Depois de NCT 127, Super Junior e o anúncio de aespa, o NCT Dream se tornou o mais recente artista da empresa a pisar em solo brasileiro; e a segunda sub-unit do NCT em um espaço de tempo de quase seis meses. Os sete cantores desembarcaram em São Paulo na última terça-feira (4) para um show único no Vibra São Paulo, como parte da turnê mundial THE DREAM SHOW2 : In YOUR DREAM.
Com um show diferenciado, a unit do NCT mostrou aos fãs daqui as suas próprias cores ao vivo. Isso, inclusive, enquanto o público retribuía com a energia que o grupo jamais vai esquecer. A noite daquela terça-feira ficará marcada para produtores — e a própria SM — para dar continuidade aos grandes atos de K-Pop no país com mais frequência. O Café com Kimchi esteve presente para sentir toda a energia do NCT Dream no Brasil, e você pode conferir nossas impressões logo abaixo:
O verde neon invadiu o Vibra São Paulo com o NCT Dream no Brasil
A casa de shows localizada na Vila Almeida foi tomada pela cor verde neon, tanto nos lightsticks quanto no dress code dos fãs. Este era um visual que até poderia surpreender os dreamies — como os integrantes são carinhosamente chamados pelo seu fandom — como o Jaehyun do NCT 127 não deixou escapar quando esteve no Brasil em 20 de janeiro.
No dia 4 de julho, o NCT Dream trouxe uma setlist recheada das canções mais famosas, e que fizeram o Vibra São Paulo ficar ainda menor para a cantoria fervorosa do público. O show era um momento que os NCTZens brasileiros estavam ansiosos para vivenciar, algo nítido desde a exaustiva compra de ingressos (que muito se assemelhava ao método do "o mais rápido sobrevive") até o sold out um dia antes da apresentação.
(Reprodução/Samara Barboza)
Quando os portões do local foram abertos e a maioria do público estava dentro — após enfrentar a exaustiva fila caracol na cançada —, uma playlist de MVs do boygroup acompanhada da voz dos fãs preencheu o local. Contudo, era importante poupar fôlego para as horas seguintes.
Performances que os fãs sonhavam em ver ao vivo
Pontualmente, as luzes se apagaram às 20h (horário de Brasília), dando início a um VCR que apenas aumentou a ansiedade dos fãs; estes que presenciaram o primeiro instante em que os sete membros subiram aos palcos do Brasil. Neste momento, celulares e lighsticks foram para o alto, e gritos foram vistos e ouvidos. O NCT Dream iniciou com uma sequência poderosa de músicas: Glitch Mode, Countdown (3, 2, 1) e Stronger, e deixou claro desde o início que dança é realmente um dos grandes fortes do grupo. O público talvez só tenha redescoberto como respirar na pausa para o primeiro ment.
(Reprodução/Samara Barboza)
A segunda parte do show deve ter sido o momento em que muitas lágrimas rolaram, com faixas como Dreaming, My First and Last e Bye My First. No geral, o show do NCT Dream no Brasil foi uma montanha-russa de emoções, conduzida pela setlist variada: dependendo da música, uma hora todos pulavam e na outra o público ficava mais parado e emotivo. A canção Sorry, Heart, inclusive, acalmou os ânimos com os vocais de Haechan, Renjun e Chenle, e ouvi-los ao vivo é realmente uma experiência diferenciada.
(Reprodução/Samara Barboza)
Com certezam, para muitos dos presentes, um dos pontos altos da noite foi a tão aguardada performance de Chewing Gum, e ver ao vivo uma música de debut é sempre de arrepiar — com esta não foi diferente. Outro momento do NCT Dream no Brasil que merece destaque foi a apresentação de Hello Future, que ajudou com a atmosfera em que os fãs pareciam certamente maravilhados com o momento. Bastava olhar para os lados e prestar atenção em como o público acompanhava as linhas da faixa.
Em relação aos integrantes, em certas canções os membros tinham maior liberdade para brincar com os NCTzens, e em outras eles estavam mais atentos em seguir a coreografia. A forte presença de palco dos sete membros do NCT Dream deixou o pequeno palco do Vibra menor do que já é. Aliás, o tão esperado português foi ouvido da boca dos integrantes em frases longas durante interações.
Os integrantes pareciam tão à vontade, que o Brasil conseguiu arrancar algo do Chenle: um aegyo — do jeitinho dele, é claro — para se despedir antes de soltar um "te amo". Jaemin foi um dos que se soltou rapidamente também, e deixou visível a personalidade que os fãs costumam ver em lives, de um "Nana" brincalhão e super espontâneo. Renjun parecia maravilhado com o público brasileiro, e quem observasse bem seu olhar poderia perceber isso; ainda mais depois que ele confirmou que o Brasil fora o seu lugar favorito da turnê. Além disso, Jisung estava leve e disposto a dar o máximo de si para o público, e não escondeu o orgulho de si quando conseguiu falar uma frase longa no nosso idioma.
Mark deixou aparente que estava familiarizado com o público brasileiro, dessa vez em sua segunda vez no país em seis meses. O rapper estava mais solto do que o normal enquanto conduzia os ments. Haechan estava com muita energia, e colocou os fãs para gritarem ainda mais com o "czennie aigoo" que deve ter ecoado para fora do Vibra, além de ter proporcionado um momento único para o público daqui: a música Broken Melodies acapela durante o show. Aind, Jeno foi um verdadeiro representante do fandom: o rapper apontou que o Vibra São Paulo era pequeno demais para eles, e que voltariam em um lugar maior. Inclusive, em muitos momentos, os integrantes pareciam querer deixar claro que pretendem voltar em breve.
(Reprodução/Samara Barboza)
Caloroso talvez seja a melhor forma de resumir o show do NCT Dream, e de alguma forma, eles fizeram o público se sentir em casa em sua companhia. Era impossível esconder sorrisos maravilhados durantes os ments, e os sete membros transformavam os momentos em uma quase roda de conversa entre amigos. Momentos estes que passaram tão rápido, que o público ficou com gosto de "quero mais". Com Jisung e Jaemin devidamente trajados com a camisa do Brasil, o grupo brincou que a música My Youth seria a última da noite, mas não enganaram ninguém: eles retornaram para preencher o palco com o conceito fofo característico do grupo com Candy, a melhor escolha de encerramento. Antes de partir, os meninos fizeram as últimas considerações aos NCTzens brasileiros de forma rápida e divertida.
Falhas na estrutura e organização
Apesar de todos os bons momentos proporcionado pelos dreamies, e que com certeza ficarão na memória do público, nem todos conseguiram aproveitar da mesma forma. Infelizmente, a desorganização do local é um ponto a ser destacado na cobertura do NCT Dream, e um dos responsáveis por prejudicar a experiência de parte do público.
A temida superlotação da pista premium não foi apenas uma especulação. Quem esteve no local, como a repórter desta matéria do Café com Kimchi, sentiu como não havia espaço o suficiente. Logicamente, "empurra-empurra" é algo comum neste tipo de setor; não é algo que surpreenda tanto, mas que conseguiu ir além graças à divisão feita pela organização. Na teoria, a pista premium é um setor que deve ser menor do que a pista comum, para que os clientes paguem um valor maior para ter a experiência mais próxima do artista. Ou seja, são disponibilizados menos ingressos para o setor mais caro.
Tal lógica não foi o que aconteceu no Vibra São Paulo. Durante o show, tanto para quem estava presente quanto para as fotos de fãs nas redes sociais, é observada a clara discrepância de tamanho entre os dois setores. A pista comum teve o tamanho reduzido, enquanto a pista premium era composta por um mar de pessoas. Vale ressaltar que os valores de PP do NCT Dream variavam de R$ 570 e R$ 1140 (taxa inclusa), meia e inteira, respectivamente. Infelizmente, alguns fãs pagaram uma experiência de pista comum com valor de premium, e na plateia a situação também foi estressante: ao chegarem no Vibra São Paulo, as pessoas relataram na web depois que não existia uma fila exclusiva para o setor.
A desorganização e despreparo do Vibra não se limitou apenas aos lugares. Na fila preferencial da PP, fãs relataram que sofreram com indelicadezas dos seguranças na momento da verificação do direito de entrada. Durante o show, pessoas passaram mal e a ajuda não chegava de maneira tão prestativa por parte do grupo encarregado de ajudá-los. Nestas ocasiões, os NCTzens tinham que ajudar uns aos outros para conseguir sair.
Parte desses episódios infelizes poderiam ser evitados com algo simples: verdadeira preocupação com o bem-estar do cliente. Não era possível entrar com água no evento, e aqueles que entraram no horário marcado de abertura dos portões ficaram quase quatro horas em um espaço tumultuado. Dessa maneira, não é preciso juntar A mais B para imaginar qual seria o resultado. Em determinado momento, a produtora disponibilizou água para o público, mas novamente foi preciso que os fãs ajudassem uns aos outros para beber e repassar o produto.
Vale ressaltar que a críticas citadas na cobertura, em nenhum momento, são para comprometer o show do Dream em si. Os sete membros realizaram uma performance impecável, e seu trabalho no palco foi feito com primor. O intuito é chamar a atenção para que as produtoras e casas de shows repensem suas organizações para evitar que estes incidentes ocorram e, consequentemente, prejudiquem a experiência de fãs que sonham em ver seus artistas favoritos de perto.
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